sábado, 17 de outubro de 2009

SOBERANIA DE DEUS E O LIVRE ARBÍTRIO




Compreender a Bíblia significa entender que Deus é soberano. Ele é antes de todas as coisas (Cl. 1.17; Sl 90.2; Gn 1.1), criou todas as coisas (Gn 1.1), sustenta todas as coisas (Ap 4.11), Deus está acima de todas as coisas, Ele é transcendente (Ef 4.6), Deus conhece todas as coisas (Sl 147.5), Deus pode fazer todas as coisas (Gn 18.14), Deus realiza todas as coisas (Is 14.24-27).
Um Deus que existe antes de todas as coisas, sustenta todas as coisas, conhece todas as coisas e pode todas as coisas, está também no controle de todas as coisas. Esse controle completo de todas as coisas é chamado soberania de Deus. Deus não somente controla o coração dos reis, mas também está no controle de todos os acontecimentos da vida humana. Ele controla os anjos bons, anjos maus, o próprio Satanás está no controle de Deus e até as decisões humanas estão sob o controle de Deus.
Não importa o que possa ser dito: a soberania de Deus sobre a vontade humana inclui sua graça, que toma iniciativa, busca, persuade e salva, sem a qual ninguém seria ou será salvo. Surge a grande questão: Se Deus é soberano, como podemos ser livres?
Uma das respostas para a soberania divina e da responsabilidade humana é a do calvinismo extremado. Essa resposta afirma que a livre-escolha simplesmente significa fazer o que desejamos, mas que ninguém jamais deseja fazer qualquer coisa a menos que Deus lhe dê o desejo de fazê-la (GEISLER,2001). Se tudo isso é assim, segue-se que Deus deve ser responsável por todas as ações humanas.
Se isso fosse verdade a Bíblia deveria dizer que Deus deu a Judas o desejo de trair a Cristo. Mas ela não diz isso. Ao contrário, ela diz que “o Diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, trair Jesus” (Jo 13.2). Também não adianta afirmar que Deus só dá bons desejos e não maus, e que todas as outras escolhas resultam de nossa natureza má. Para começar nem Lúcifer nem Adão tinham a natureza má e, todavia, pecaram.
Portanto, a livre escolha é a origem do mal. Deus fez somente boas criaturas, mas deus livre escolha às criaturas boas. Deus é moralmente responsável por dar a boa coisa chamada livre-arbítrio, mas não é moralmente responsável por todos os males que fazemos com a nossa liberdade. Salomão disse isso muito bem: “Assim cheguei a esta conclusão: Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de muitas intrigas” (Ec 7.29).
Em resumo, Deus fez o fato da liberdade; nós somos responsáveis pelos atos da liberdade. O fato da liberdade é bom, embora alguns atos da liberdade sejam maus.


REFERÊNCIAS

SILVA, Severino Pedro da. A doutrina da predestinação. Rio de Janeiro, CPAD, 1989.
GEISLER, Norman. Eleitos, mas livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. São Paulo, Editora Vida, 2001.
WILEY, Orton. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo, Casa Nazarena de Publicações.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo, Editora Cultura Cristã.

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